Infelizmente, o trabalho em altura com eletricidade é uma situação comum enfrentada por diversas equipes em ambientes despreparados para a atividade diária. Em canteiros de obras sem a devida inspeção, problemas como esse impõem riscos à saúde (e até mesmo à vida) de todos os trabalhadores envolvidos, o que é estritamente proibido pelas Normas Regulamentadoras (NRs) promulgadas pelo Ministério do Trabalho.
A falta de testes de isolação elétrica é, na realidade, uma das seis condições impeditivas para o trabalho em altura – e, portanto, saber contornar esses empecilhos é de extrema importância para o término de um projeto de construção.
Continue lendo para entender quais são as medidas de proteção necessárias contra a eletricidade no trabalho em altura e aprenda a proteger a equipe contratada!
E não perca: A importância do PCA na segurança do trabalho em altura
Como acontece o trabalho em altura com eletricidade?
O trabalho em altura com risco de choque elétrico envolve uma série de desafios que exigem medidas rigorosas de segurança para evitar acidentes fatais. Esse tipo de atividade ocorre, por exemplo, na manutenção de redes elétricas, em instalações industriais, na montagem de estruturas metálicas próximas a cabos energizados e em serviços de telecomunicações. Nesses cenários, o que pode acontecer é que:
- O trabalhador pode tocar acidentalmente em fios energizados ou equipamentos defeituosos;
- A proximidade com redes elétricas de alta tensão pode gerar arcos voltaicos, que resultam em queimaduras graves;
- Mesmo sem contato direto, campos elétricos podem induzir correntes perigosas em ferramentas e equipamentos metálicos;
- Um choque pode causar perda de equilíbrio, levando à queda livre e agravando ainda mais o risco.
São as Normas Regulamentadoras 35 e 10 que protagonizam essas medidas de segurança e, como veremos na seção a seguir, atuam juntas quando o trabalho envolve riscos combinados de queda e risco elétrico.
Cuidados necessários para o trabalho em altura com risco de choque elétrico: o que diz a lei
É fundamental considerar ambas as legislações para garantir a segurança completa do trabalhador. Isso implica, acima de tudo, no uso obrigatório de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados para ambos os riscos, como cintos de segurança e luvas isolantes para proteção contra choques elétricos.
E falando em EPIs, todos devem ter passado pelo teste periódico de isolação elétrica feito com o aparelho HIPOT – que simula uma situação de risco real, aplicando uma tensão elétrica específica nos equipamentos para verificar a sua resistência.
Mas essa é apenas a ponta do iceberg. Abaixo, separei os detalhes mais importantes sobre cada NR quando aplicadas no trabalho em altura com eletricidade. Veja só:
Obrigações da NR 35
A NR 35 (temos um guia exclusivo sobre ela bem aqui) estabelece requisitos e medidas de proteção para o trabalho em altura, definindo responsabilidades tanto para os empregadores quanto para os trabalhadores. No contexto de risco elétrico no trabalho em altura, os principais pontos a serem seguidos são:
- Capacitação obrigatória: Todo profissional que trabalha acima de 2 metros do solo deve passar por um treinamento específico, com reciclagem a cada dois anos ou sempre que necessário.
- Planejamento e análise de risco: Antes de iniciar qualquer atividade em altura, é essencial realizar uma análise detalhada do ambiente para identificar riscos adicionais, como redes elétricas próximas.
- Uso correto de EPIs: O trabalhador deve utilizar equipamentos de proteção individual adequados, como cintos de segurança com talabarte, trava-quedas e capacetes com jugular. No caso de atividades em proximidade de redes elétricas, EPIs específicos para risco elétrico devem ser utilizados em conjunto.
- Medidas de proteção contra quedas: Sempre que possível, devem ser instaladas estruturas de proteção coletiva, como guarda-corpos, redes de segurança e pontos de ancoragem adequados.
- Supervisão e permissão de trabalho: O empregador deve garantir que o trabalho seja supervisionado por profissionais qualificados e que haja uma permissão de trabalho para atividades de maior risco.
Obrigações da NR 10
A NR 10, especificamente, regula a segurança em instalações elétricas e estabelece diretrizes para minimizar os riscos de acidentes consequentes. Quando aplicada junto ao trabalho em altura, suas principais exigências incluem:
- Capacitação específica: O trabalhador deve ter curso na área elétrica reconhecido pelo sistema de ensino brasileiro e ser capacitado na NR 10.
- Trabalho preferencialmente com a rede desenergizada: Sempre que possível, o serviço deve ser realizado com a rede desligada. Caso isso não seja viável, medidas adicionais de segurança devem ser adotadas.
- Uso de EPIs e EPCs: A norma exige o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), como luvas isolantes, vestimentas antichamas e capacetes classe B, além de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs), como barreiras de isolamento e sinalização de área. Veja a diferença entre cada tipo aqui.
- Medidas de proteção contra arcos elétricos: Para trabalhos em redes energizadas, é obrigatório o uso de vestimentas e EPIs com proteção contra arco elétrico, reduzindo os riscos de queimaduras.
- Distanciamento seguro de redes elétricas: Deve-se manter uma distância mínima segura das redes energizadas, conforme a tabela a seguir:
| Tensão Nominal da Rede | Distância Mínima Segura |
| Até 1 kV (baixa tensão) | 0,5 metro |
| De 1 kV a 33 kV (média tensão) | 1,5 metros |
| De 33 kV a 138 kV | 2,0 metros |
| De 138 kV a 230 kV | 3,0 metros |
| De 230 kV a 500 kV | 5,0 metros |
| Acima de 500 kV | 8,0 metros |
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